Está cada vez mais distante o sonho de andar num pista de arrancada para uma pessoa comum, com um carro de alta performance para rua, porém de baixa performance para pista (um carro de uso misto). São muitas exigencias e ao mesmo tempo muita coisa liberada. Ai fica minha pergunta... Como uma pessoa vai pegar o gosto pela arrancada se não tem a chance de andar em um evento do tipo?
Como somos do tempo que na arrancada havia muitos carros (pegamos a época de Interlagos com 350 carros em um domingo, com 140 turbos em média) Eram menos categorias, acesso mais barato, 80% dos carros chegavam no autódromo rodando.
Não era raro encontrar carros que andavam na arrancada, em encontros de posto de gasolina durante a semana. Sem contar que além do preparador ter que ser bom, o piloto tinha de fazer a parte dele. Hoje com o progresso eletronico, não se vê mais aquela “tocada monstro”, aquela "espetada" de marcha perfeita ou mesmo o controle do carro no acelerador. O carro agora anda praticamente sozinho.
Quem está fora, acaba desistindo de tentar andar em uma prova onde os carros beiram investimentos de 6 digitos...
Lembramos bem que todos queriam andar na arrancada: juntava dinheiro o mês inteiro, fazia inscrição e ia pra pista. Claro que na época, já havia carros que eram só de pista, muito bem acertados, com bons pilotos, mas ainda assim, 60% dos carros na categoria eram carros de rua (rua mesmo!). Alguns nem tinham preparação.
Era muito legal chegar as 7 horas da manhã em Interlagos, fazer inscrição, dar as puxadas e ainda poder admirar muitos deles saindo no portão 7 para ir embora... em perfeito estado. Com isso conseguíamos comparar nossos carros de rua (quase nada de preparação) com outros de alto nível.
Se a categoria tivesse mantido o regulamento, isso faria com que equipes que quisessem andar em um tempo mais baixo, tivessem de subir de categoria. Hoje haveria muito mais carros competindo, outras pistas e a categoria pudesse até ser mais respeitada.
Por incrivel que pareça muita gente não sabe como é uma arrancada, que tipo de carro anda, qual a regra que faz vencer (alguns assistem pela primeira vez e acham que é simplesmente passar na frente). O pessoal tinha de se organizar novamente e fazer um recomeço, de nível amador. Aliás, amador não: iniciante. Porque profissional está muito longe ainda. E não digo isso pelo nível de equipes ou dos carros, mas pelo fato de poucos viverem da arrancadas. Hoje, para andar na frente, o piloto tem de ter muito dinheiro para ganhar um troféu. Este prêmio ficará na sua estante apenas, ou dentro da oficina e não lhe dará retorno algum do mega-investimento que foi feito.
Se voltar a procura pelo evento, com acesso fácil e custo razoavel, tendo em paralelo o pessoal dos carros "normais" de rua, com certeza teriamos um movimento maior no setor, mais peças baratas vendendo, mais material para divulgação, mais oficinas dando aquele "tapinha esperto" nos carros de uso diario, pistas mais cheias, etc... Afinal... é normal cada carro inscrito levar mais 3 amigos no minimo para assistir o evento. Com mais carros, o setor gera uma receita maior. Isso possibilitaria oferecer prêmios em dinheiro, premiar os “construtores” e com esta grande diversificação, as empresas maiores procurar ter o nome estampado nos carros de ponta. Tudo isso para tentar não ter carros virando tempos cada vez mais baixos, mas cada vez menos carros na pista.
A categoria Arrancada não é igual Fórmula 1, a qual você assiste mas tem certeza que nunca vai ter um daquele na garagem. Hoje, você vai na arrancada e vê carros que muitas vezes você já tem um com a mesma preparação e este está guardado na sua garagem. Na condição de leigo total, no mínimo podemos pensar que você tem recursos para ter este carro. Talvez não um que seja igual a aquele de corrida, mas tenha condição de melhorar o mesmo e, visualmente, ficará muito próximo.
Estive em um evento da revista Driver e percebi como funciona. Categoria para todos e dividida por relação peso/potencia. Ninguém passa apertado e todo mundo se diverte, lógico que dentro dos padrões dos carros que ali andam. Porque não fazer esta mesma relação na arrancada brasileira?
Espero que um dia tudo volte a ser como era antes, onde todos procuravam a arrancada com a certeza que um dia estariam ali alinhados, desde os motores de mil cilindradas até os motores de mil cavalos! Lutemos pela mudança da categoria!
Texto: André Rimundini*
* André Rimundini trabalha na F2 Racing Bauru, é dono do blog Clube da Performance (www.clubedaperformance.blogspot.com), foi um dos incentivadores do início da Autodynamics, é amigo pessoal de Rodrigo Vieira e tem um Voyage turbo injetado (bravo!) que utiliza no dia-a-dia e é acertado por ele mesmo (e não para de melhorar!)
11 comentários:
Rodrigo, dê uma olhada nesse texto, de minha autoria e veja o que você acha:
Era inevitável. Se parássemos para analisar a Arrancada norte americana, país e em que este esporte mostra maior força e desenvolvimento, essa divisão um dia chegaria. Com a divulgação do regulamento para a temporada 2010, onde o principal foco é a utilização de um formato que viabilize a transmissão das finais da categoria em programas de TV, visando atrair patrocínios de grandes empresas que possam auxiliar pilotos e equipes nos custos que estão cada vez mais altos para um esporte considerado amador, a Arrancada perdeu de vez o status de modalidade amadora de baixo custo onde existem categorias de acesso que permitem ao motorista comum a emoção de pilotar na pista seu carro de rua preparado. Com a liberação de alguns itens até então proibidos nas categorias “street” e exigências cada vez maiores no quesito itens de segurança, os carros de Arrancada são cada vez mais diferentes de um carro de rua. Dessa forma, a Arrancada se subdivide em uma outra modalidade que tem crescido bastante nos últimos anos e já é um grande sucesso de público e participantes, mesmo sem contar com toda a divulgação que a Arrancada possui. Trata-se do Outlaw, que no Brasil é representado por eventos como, por exemplo, o Racha em Interlagos (São Paulo), Steet Rules Day (Guaporé), Open Day (Santa Rita). Basicamente é uma modalidade onde as modificações nos veículos não tem as limitações impostas pelo regulamento técnico utilizado na Arrancada, que nesta tem a intenção de enquadrar todos os veículos participantes de uma certa divisão, com características como eixo de tração, tipo de alimentação/sobrealimentação, quantidade de cilindros e etc. Já no Oulaw todo e qualquer carro que obedeça as condições mínimas de segurança pode participar, e o show é garantido justamente pelo fato de na pista estarem alinhados carros totalmente diferentes, onde o resultados final é uma incógnita. Imaginem só uma puxada entre um Gol Turbo contra um Maverick V8 aspirado. Além de ser muito emocionante, este esporte também tem o seu papel social, pois ao contrário do que é vinculado nas mídias, a Arrancada dificilmente tira alguém dos rachas de rua, já que o investimento e a burocracia para correr nas pistas afastam qualquer amador disposto somente a acelerar seu carro sem correr riscos e nem colocar a vida de outras pessoas em risco. Já no Outlaw, basta ter um carro, carteira de habilitação, passar na vistoria de segurança e pronto: você está liberado para acelerar com toda a segurança e estrutura que somente um autódromo pode oferecer, sem ter de preparar seu carro como o regulamento exige, enfrentando as mais diversos tipos de carros, com um público fiel e fanático nas arquibancadas. O que mais podemos desejar?
Vinicius Fonseca
P.S.: Lembrando que para ficar bom de verdade, o Racha em Interlagos precisa mudar muito (cronometragem é só um dos pontos) mas acredito que este é o caminho.
Infelizmente a realidade mata..
Talvez seja a hora de todos que gostam de acelerar seus Bólidos de rua numa pista, começar a se organizar para aparecer mais eventos que cabem a nós meros mortais, participar com nossos carros de uso diario. Aliás, não sei como o segmento não acordou para isso... afinal, quem sustenta o ramo são os carros de rua, com pequenas mudanças, mas constantes, além de revisões e acertos com frequencia. Afinal... carro ponteira de corrida, traz todo o equipamento de fora, o que usa de nacional é por patrocinio, muitas vezes nem pagam mão de obra por levar o nome da oficina no carro.
UNIÃO é o caminho
eh entao... tive a oportunidade de competir algumas vezes nos primeiros rachas de carro de rua quando eram organizados pelo ARRANCADASP , na epoca tinha um voyage 86 levemente aspirado, meu nao tinha coisa melhor que ir pro interior na pista do mineirinho, dirigindo meu proprio carro chegar la moer o bihinho em baixo do sol, e depois voltar dirigindo ele novamente..... mas como todos ja disseram hoje nao existe mais isso... hoje chama de racha de carro de rua.. carros com no minimo 500 cv..... ai realmente nao da pra quem sonha baixo como eu.. seria mt bom se conseguirmos recomeçar essas epocas...
Complicado essas coisas, hoje em dia ta compensando você fazer um carro de rua, que dê para voce brincar em eventos como a Prova de fogo em Maringa, o racha de interlagos, os Open Day's do VP
cara, até o evento de Londrina, o Sexta Quente no autodromo, da premio em $$ e a arrancada nao, só tapinhas nas costas, e depois um na cara com as mudancas repentinas do regulamento
Se nao der uma freiada nesse "desenvolvimento" vai ficar cada dia mais complicado participar de uma prova ou campeonato de arrancada
INFELIZMENTE =/
Arrancada é visto como esporte de rico, por alguns, e isso prejudica a maioria, pois a maioria não é rico, é apaixonado, os dirigente se aproveitam disso, se vai reclamar e eles falam vai para casa se não tem dinheiro, enquanto não mudar mentalidade não vai dar certo, nossa realidade é outra, o caranão tem nem plano de saude mas quer ter roda Weld no carro, que o regulamento seja mais realista para todos.
Enquanto alguns falarem que arrancada é para quem tem grana vai ser isso, esporte para poucos, quem é rico no Brasil? os caras compram Weld e moram de aluguel... nossa realidade é outra, vamos cair na real, regulamento é exatamente para nivelar competição.
tenho 35 anos e tbm sou do tempo, aqui em floripa, que a arrancada era com carros de rua...os mesmo que no domingo estavam no kais kin dun na beira mar norte...os gol gts, voyage gls com aro 14 e comando G, chepala 6cc e 147 bem feito pra época faziam a festa...ainda tenho fotos dessas provas. alguns gol e opala que andavam no catarinense de terra tbm travavam duelo com o fusca ap do sussa, coisa do outro mundo na época. sem falar dos opala 6 com 2 canos na trazeira usando aquele carburadorzao original, só afinado.
categorias eram: até 1600 A (ap) e B (ar, chevette, fiat), 1.8/2.0, 6cc/8cc e força livre (onde andavam chepalla, fusca AP, e os carros que andavam tbm na terra.
através da extinta revista Oficina Mecania (a qual tenho varios exemplares intactos e a dias atras mandei uma pro yastaro de 1992 com materia do seu buggye)acompanhava os rachas de interlagos com saveiros turbo do losacco...passat pointer...e puma gtb do dimas.
bons tempos
é por causa de tudo q diz esse belo texto, que desisti da arrancada após longos anos e diversas vitórias aqui. estou montando mais um 147 turbo, carro que sou entusiasta e ja tive vários mas, não pra arrancada, esporte que amo e acompanho diariamente mas pra arrancar, perdi o tesão. ja disse aos amigos que vou montar o carro pra passear e dar umas aceleradas sozinho pra desestressar.
A CATEGORIA DESAFIO AQUI É UMA PALHAÇADA...andam 30 carros totalmente fuçados enquanto na std e strett andam 3 ou 4 e na DESAFIO TURBO é a mesma coisa, carros que sao turbo A e B, andam na desafio pq a isncrição é metade do valor.
o profissionalismo é bom e necessário mas desanima os mortais que gostaria de acelerar na pista.
um abraço
Andre, esse teu sonho ja virou realidade aqui no RS, da uma conferida nos sites:
http://www.categoriadesafio.com.br/
http://402m.com.br/
http://arrancadaoutlaw.blogspot.com/
E tambem no video do programa Curva do S no SPEED:
http://www.youtube.com/watch?v=_wYIh734Cyg
Lembrei do Opala branco do Favela rsrsrs na sexta e no sábado ele acertava o carro na Vila Matilde e no Domingo ia para interlagos rsrsrs
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